quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Homem não chora

Enchem-se os olhos de lágrimas
Mas não choro
Porque desde criança
Ensinaram-me que homem não chora
Por isso não choro
Para que meu choro
Não seja motivo de risos alheios.
Mas continuo com os olhos
Cheios de lágrimas
E chorarei um dia
Como chorei
No dia em que o homem que amo
Partiu para o além:
Meu pai.
Enchem-se os olhos de lágrimas de saudade
Saudade de quem partiu
E não voltará mais
Sinto saudade e a certeza
De que enquanto viver
Não o esquecerei jamais.

O sorriso da planta

A chuva caiu
Senti um cheiro gostoso de terra molhada
Que coisa engraçada:
A chuva caiu e molhou a planta que sorriu.
Eu deixei a janela aberta
A chuva caiu e molhou o meu rosto
Que chuva esperta:
Já estava na hora de acordar.
Acordei tranquilo
A chuva caiu e me molhou na rua
Lembrei da planta e sorri
Ninguém entendia
Mas eu sorria
Ninguém sabia que a planta sorriu
Ninguém viu
Só eu vi.

Como e por quê

Tento poder querer
Quero poder tentar
Como querer sem tentar?
Por que tentar sem querer?

Vivo querendo mudar
Mudo querendo viver
Como mudar sem viver?
Por que viver sem mudar?

Vivo tentando sonhar
Sonho tentando viver
Como sonhar sem viver?
Por que viver sem sonhar?

Vivo pensando em amar
Amo pensando em viver
Como viver sem amar?
Por que amar sem viver?

Maldita Terra

Abro a janela,
Olho pro céu,
Tento voar,
Mas não dá.
Estou preso à Terra.
Maldita Terra.
Fecho os olhos,
Imagino-me voando,
Pairando livre sobre as casas
Como um pássaro livre
Sem pensar em nada.
Mas um garoto
Em cima de uma laje
Aponta uma arma para mim.
Vejo-me caindo,
Vejo-me morrendo
E voltando pra Terra.
Maldita Terra
Onde não há liberdade.